Este blog é uma tribuna livre de defesa dos espaços públicos em Belo Horizonte. Propositalmente, é inaugurado no mesmo dia (25/3/10) em que o prefeito Márcio Lacerda visita Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá e uma das maiores autoridades em qualidade de vida nas grandes cidades, defensor de uma bandeira que este blog sustenta: o pedestre é mais importante que o carro.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Uma pracinha no asfalto
Há alguns dias fiz a entrevista abaixo para o jornal Cometa
Itabirano. Hoje passei no local e a "pracinha" tinha sido desmontada.
Não sei por quem. O banco desapareceu, os vasos também e os tufos de
grama estavam empilhados dentro de caixas de papelão. Um carro ocupava a
vaga.
Uma pracinha no asfalto
Estudantes de arquitetura e urbanismo querem que os belo-horizontinos tomem de volta as ruas roubadas pelos automóveis. Na Rua Campanha, no Bairro Carmo, à sombra de uma árvore, eles puseram grama sobre o asfalto, sobre a grama instalaram um banco de jardim e vasos de plantas, transformando o espaço antes ocupado por um carro numa inesperada e simpática pracinha. Conseguiram assim provocar a curiosidade e a reflexão dos moradores, muitos dos quais se manifestaram com entusiasmo, fixando bilhetes no local. Feliz em saber que os futuros urbanistas e arquitetos estão preocupados com a qualidade de vida em Belo Horizonte, o Cometa conversou com a estudante Manuela Ferreira Torres, uma das responsáveis pela iniciativa, juntamente com seus colegas Ana Cláudia Sad Françoso, Pedro Veloso e Fabiano Nardy de Moraes. Eles são alunos do terceiro período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG e participam do projeto Passear (Projeto de Arquitetura Sobre Sua Experiência de Apropriar-se da Rua), que faz parte da disciplina PRJ 089 (Projeto para a Rua e para o Bairro), ministrada pelos professores Wellington Cançado e Roberto Andrés. A seguir a entrevista.
Cometa – O que vocês querem?
Manuela – Chamar a atenção para a supremacia do automóvel sobre o pedestre sofrida hoje na cidade de Belo Horizonte. Esta questão está enraizada na cultura brasileira – ter carro é um condicionante para elevar o status social – e se reflete em uma urbanização que marginaliza o pedestre e os meios de transporte alternativos (bicicleta, skate e outros).
Cometa – Por que escolheram a Rua Campanha?
Manuela – Cada grupo se dedicou à rua de um de seus integrantes para a realização de um projeto, levantando seus problemas e potencialidades de uso. A Rua Campanha é um exemplo nítido dessa urbanização que privilegia o automóvel em detrimento dos pedestres. Com suas calçadas de 150 cm, qualquer obstáculo (árvore, lixo, lixeira etc.) afunila a passagem do usuário a pé e não reserva nenhum espaço para sua permanência (banco, encosto etc.). O uso da rua se dá, majoritariamente, pelo automóvel. São duas faixas de estacionamento ao longo de toda a rua, dificultando o contato entre as pessoas e delas com o espaço urbano.
Cometa – Quais foram os resultados até agora?
Manuela – Muitos moradores e transeuntes admiraram a iniciativa e aprovaram a ocupação de uma vaga pelos cidadãos. Recebemos grande apoio do Clic! [Centro Lúdico de Interação e Cultura, que funciona no mesmo quarteirão] e dos vizinhos do prédio imediatamente ao lado da vaga. Entretanto, outros moradores se posicionaram contra o projeto e até o boicotaram – roubaram plantas e desfizeram o leiaute original.
Cometa – O que vocês pretendem fazer daqui pra frente?
Manuela – Pretendemos levar o projeto adiante tornando-o mais durável e sustentável para que a população local possa assumi-lo, se for de seu interesse. Também pretendemos continuar a disseminar a ideia do projeto, com ajuda das redes sociais, abrindo espaço para a discussão e engajamento da população na causa.
Uma pracinha no asfalto
Estudantes de arquitetura e urbanismo querem que os belo-horizontinos tomem de volta as ruas roubadas pelos automóveis. Na Rua Campanha, no Bairro Carmo, à sombra de uma árvore, eles puseram grama sobre o asfalto, sobre a grama instalaram um banco de jardim e vasos de plantas, transformando o espaço antes ocupado por um carro numa inesperada e simpática pracinha. Conseguiram assim provocar a curiosidade e a reflexão dos moradores, muitos dos quais se manifestaram com entusiasmo, fixando bilhetes no local. Feliz em saber que os futuros urbanistas e arquitetos estão preocupados com a qualidade de vida em Belo Horizonte, o Cometa conversou com a estudante Manuela Ferreira Torres, uma das responsáveis pela iniciativa, juntamente com seus colegas Ana Cláudia Sad Françoso, Pedro Veloso e Fabiano Nardy de Moraes. Eles são alunos do terceiro período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG e participam do projeto Passear (Projeto de Arquitetura Sobre Sua Experiência de Apropriar-se da Rua), que faz parte da disciplina PRJ 089 (Projeto para a Rua e para o Bairro), ministrada pelos professores Wellington Cançado e Roberto Andrés. A seguir a entrevista.
Cometa – O que vocês querem?
Manuela – Chamar a atenção para a supremacia do automóvel sobre o pedestre sofrida hoje na cidade de Belo Horizonte. Esta questão está enraizada na cultura brasileira – ter carro é um condicionante para elevar o status social – e se reflete em uma urbanização que marginaliza o pedestre e os meios de transporte alternativos (bicicleta, skate e outros).
Cometa – Por que escolheram a Rua Campanha?
Manuela – Cada grupo se dedicou à rua de um de seus integrantes para a realização de um projeto, levantando seus problemas e potencialidades de uso. A Rua Campanha é um exemplo nítido dessa urbanização que privilegia o automóvel em detrimento dos pedestres. Com suas calçadas de 150 cm, qualquer obstáculo (árvore, lixo, lixeira etc.) afunila a passagem do usuário a pé e não reserva nenhum espaço para sua permanência (banco, encosto etc.). O uso da rua se dá, majoritariamente, pelo automóvel. São duas faixas de estacionamento ao longo de toda a rua, dificultando o contato entre as pessoas e delas com o espaço urbano.
Cometa – Quais foram os resultados até agora?
Manuela – Muitos moradores e transeuntes admiraram a iniciativa e aprovaram a ocupação de uma vaga pelos cidadãos. Recebemos grande apoio do Clic! [Centro Lúdico de Interação e Cultura, que funciona no mesmo quarteirão] e dos vizinhos do prédio imediatamente ao lado da vaga. Entretanto, outros moradores se posicionaram contra o projeto e até o boicotaram – roubaram plantas e desfizeram o leiaute original.
Cometa – O que vocês pretendem fazer daqui pra frente?
Manuela – Pretendemos levar o projeto adiante tornando-o mais durável e sustentável para que a população local possa assumi-lo, se for de seu interesse. Também pretendemos continuar a disseminar a ideia do projeto, com ajuda das redes sociais, abrindo espaço para a discussão e engajamento da população na causa.
sexta-feira, 29 de março de 2013
Justiça manda prefeitura indenizar pedestre
Em São Paulo. Imagina se esses juízes decidem dar uma voltinha nos passeios de Belo Horizonte.
Do Última Instância.
Pedestre é indenizada após queda em calçada irregular
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) manteve indenização por danos morais, no valor de R$ 3 mil, a pedestre que sofreu uma queda em calçada irregular, na cidade de São Vicente, que resultou em fratura no seu tornozelo. O pedido de indenização por danos materiais e estéticos foi negado.
A Prefeitura de São Vicente, em sua apelação, afirmou que não havia buraco ou desnível na calçada, portanto, não era responsabilidade da administração municipal. Além disso, requereu a reconsideração da indenização por danos materiais e estéticos, bem como a por danos morais, no valor de R$ 3 mil, por não terem sido comprovadas as despesas alegadas. Requereu redução da verba honorária de R$ 2.900,00.
O relator Marrey Uint, em seu voto, declarou que "é fato incontroverso que o acidente ocorreu tendo em vista a declaração de testemunha que afirmou 'saber no ato que a requerente escorregara na calçada, a qual não tinha piso antiderrapante e tinha buraco', sendo que o depoente é pedreiro e por isso entende que no caso caberia o piso antiderrapante". A testemunha afirmou que a pedestre demorou de três a quatro meses para se recuperar.
A íntegra.
Do Última Instância.
Pedestre é indenizada após queda em calçada irregular
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) manteve indenização por danos morais, no valor de R$ 3 mil, a pedestre que sofreu uma queda em calçada irregular, na cidade de São Vicente, que resultou em fratura no seu tornozelo. O pedido de indenização por danos materiais e estéticos foi negado.
A Prefeitura de São Vicente, em sua apelação, afirmou que não havia buraco ou desnível na calçada, portanto, não era responsabilidade da administração municipal. Além disso, requereu a reconsideração da indenização por danos materiais e estéticos, bem como a por danos morais, no valor de R$ 3 mil, por não terem sido comprovadas as despesas alegadas. Requereu redução da verba honorária de R$ 2.900,00.
O relator Marrey Uint, em seu voto, declarou que "é fato incontroverso que o acidente ocorreu tendo em vista a declaração de testemunha que afirmou 'saber no ato que a requerente escorregara na calçada, a qual não tinha piso antiderrapante e tinha buraco', sendo que o depoente é pedreiro e por isso entende que no caso caberia o piso antiderrapante". A testemunha afirmou que a pedestre demorou de três a quatro meses para se recuperar.
A íntegra.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Nem Bogotá aguentou tanto carro
Belo Horizonte tem um terço da população da capital colombiana e uma planta projetada por Aarão Reis que possibilita o transporte coletivo integrado por ônibus, desde que pare de crescer: uma linha na Avenida do Contorno, uma linha em cada grande avenida que leva a cada região e linhas de ônibus menores transitando dentro dos bairros. O que lhe falta são planejadores. Porque planejar exige confrontar as características intrínsecas do capitalismo -- individualismo, imediatismo e lucro -- em nome dos interesses da coletividade, da qualidade de vida e do futuro. O carro é o bem material que evidencia isso mais do que qualquer outro, mas prevalece porque os interesses da indústria automobilística e de tudo que a rodeia (empreiteiras, políticos, publicidade, televisão, indústria de autopeças, oficinas diversas) são mais fortes. Passar de um sistema a outro é o atual desafio da humanidade. Sem isso, nem a cidade de Enrique Peñalosa aguenta. Planejamento também significa impôr limites à construção de edifícios, privilegiar áreas públicas e verdes, descentralizar os serviços, promover a expansão horizontal, implantar infra-estrutura antes que a ocupação aconteça -- enfim, o oposto do que a administração Lacerda faz em Belo Horizonte, por exemplo.
Do Opera Mundi.
Referência em transporte público, Bogotá virou refém do trânsito após salto populacional
Terceira cidade mais populosa da América do Sul, Bogotá sofre com trânsito diário. Apesar de ser exemplo de transporte público na América Latina, obriga seus moradores a alterarem sua rotina em função do trânsito caótico da cidade. O Transmilenio, sistema de corredores de ônibus criado em 2000, não dá mais conta do crescimento populacional – Bogotá abriga atualmente mais de 7,5 milhões de habitantes.
Assim que desembarca na capital colombiana, além de escutar sugestões para visitar pontos como a Catedral de Sal, em Zipaquirá, o viajante também recebe alertas sobre as horas de pico (das 7h30 às 10h e das 15h30 às 20h). Nesses períodos, as filas para pegar o Transmilênio são enormes e o tempo de espera pode chegar a até uma hora. A alternativa, então, poderia ser um táxi. Mas não é bem assim.
Nas principais atrações turísticas da cidade, é possível conseguir um carro especial (sem logotipo e o sistema de cobrança municipal), mas pode gastar até o dobro do que em uma corrida normal. No resto da capital colombiana, a cena mais comum é um taxista encostar o carro, perguntar o destino do passageiro e desistir. Com o tráfego parado, as buzinas são constantes mesmo nas ruas mais estreitas e, nesse cenário, os motoristas pensam duas vezes se a viagem realmente compensa.
A íntegra.
Do Opera Mundi.
Referência em transporte público, Bogotá virou refém do trânsito após salto populacional
Terceira cidade mais populosa da América do Sul, Bogotá sofre com trânsito diário. Apesar de ser exemplo de transporte público na América Latina, obriga seus moradores a alterarem sua rotina em função do trânsito caótico da cidade. O Transmilenio, sistema de corredores de ônibus criado em 2000, não dá mais conta do crescimento populacional – Bogotá abriga atualmente mais de 7,5 milhões de habitantes.
Assim que desembarca na capital colombiana, além de escutar sugestões para visitar pontos como a Catedral de Sal, em Zipaquirá, o viajante também recebe alertas sobre as horas de pico (das 7h30 às 10h e das 15h30 às 20h). Nesses períodos, as filas para pegar o Transmilênio são enormes e o tempo de espera pode chegar a até uma hora. A alternativa, então, poderia ser um táxi. Mas não é bem assim.
Nas principais atrações turísticas da cidade, é possível conseguir um carro especial (sem logotipo e o sistema de cobrança municipal), mas pode gastar até o dobro do que em uma corrida normal. No resto da capital colombiana, a cena mais comum é um taxista encostar o carro, perguntar o destino do passageiro e desistir. Com o tráfego parado, as buzinas são constantes mesmo nas ruas mais estreitas e, nesse cenário, os motoristas pensam duas vezes se a viagem realmente compensa.
A íntegra.
sábado, 23 de março de 2013
Jovens rejeitam carros
Matéria interessante. A mudança de mentalidade é decisiva para que a humanidade supere os gigantescos problemas que estão nos levando para a barbárie. As gerações que têm mais de trinta anos -- esta idade já foi emblemática: "não confie em ninguém com mais de trinta anos", dizia o lema dos anos 60 -- construíram esse mundo que os jovens estão herdando e terão de mudar para viver com a qualidade de vida que já faz parte do passado.
Do saite Mobilize.
Desinteresse dos jovens por carros preocupa montadora
A geração entre 18 e 24 anos está se importando mais com os outros e com o mundo em que vivem
Maria Fernanda Cavalcanti
Um recente artigo do The New York Times, da jornalista Amy Chozick, é mais uma prova de que os jovens mudaram. A geração entre 18 e 24 anos está se importando mais com os outros e com o mundo em que vivem, superando antigos valores e necessidades de consumo que já não os convencem e, muito menos, os satisfazem. Uma dessas mudanças importantes está no modo com que os jovens se relacionam com a mobilidade.
Há poucas décadas, o carro representava o ideal de liberdade para muitas gerações. Hoje, com ruas congestionadas, doenças respiratórias e falta de espaço para as pessoas nas cidades, os jovens se deram conta de que isso não tem nada a ver com ser livre, e passaram a valorizar meios de transporte mais limpos e acessíveis, como bicicleta, ônibus e trajetos a pé. Além do mais, “hoje Facebook, Twitter e mensagens de texto permitem que os adolescentes e jovens de 20 e poucos anos se conectem sem rodas. O preço alto da gasolina e as preocupações ambientais não ajudam em nada”, diz o artigo.
A íntegra.
Do saite Mobilize.
Desinteresse dos jovens por carros preocupa montadora
A geração entre 18 e 24 anos está se importando mais com os outros e com o mundo em que vivem
Maria Fernanda Cavalcanti
Um recente artigo do The New York Times, da jornalista Amy Chozick, é mais uma prova de que os jovens mudaram. A geração entre 18 e 24 anos está se importando mais com os outros e com o mundo em que vivem, superando antigos valores e necessidades de consumo que já não os convencem e, muito menos, os satisfazem. Uma dessas mudanças importantes está no modo com que os jovens se relacionam com a mobilidade.
Há poucas décadas, o carro representava o ideal de liberdade para muitas gerações. Hoje, com ruas congestionadas, doenças respiratórias e falta de espaço para as pessoas nas cidades, os jovens se deram conta de que isso não tem nada a ver com ser livre, e passaram a valorizar meios de transporte mais limpos e acessíveis, como bicicleta, ônibus e trajetos a pé. Além do mais, “hoje Facebook, Twitter e mensagens de texto permitem que os adolescentes e jovens de 20 e poucos anos se conectem sem rodas. O preço alto da gasolina e as preocupações ambientais não ajudam em nada”, diz o artigo.
A íntegra.
PBH e PM pedem respeito, mas não respeitam
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