sexta-feira, 7 de maio de 2010

Organizações políticas arcaicas

O sistema de representação política da sociedade brasileira é arcaico. A população se multiplicou e se concentrou em cidades gigantescas. Hoje, um bairro de uma megalópole tem a população de uma cidade, mas continuamos sendo governados por um prefeito e uma câmara de vereadores. Eles nem imaginam o que se passa num bairro e a administração pública não tem a menor capacidade de dar resposta aos problemas locais, antes resolvidos pelos próprios moradores, poucos, que se conheciam, hoje anônimos. Essa obsolescência do modelo de representação nos dá a sensação de abandono e de distanciamento dos nossos representantes, que sequer conhecemos. Como se a política fosse assunto exclusivo desses 42 cidadãos eleitos de quatro em quatro anos. Quantas vezes, em 2009, qualquer um de nós falou com o vereador no qual votou em 2008 (se é que elegeu seu candidato)? Qual de nós já viu o prefeito pessoalmente? Quem sabe quem é o "administrador regional" do seu bairro? A gente não mora apenas num país, num estado, numa cidade, a gente mora efetivamente num quarteirão, numa rua, num bairro. Na verdade, cada vez mais a gente vive nos dois extremos: num bairro (porque a cidade ficou grande demais) e no planeta (porque o mundo ficou pequeno com as telecomunicações, com a informática, com os aviões, com a economia globalizada e com as mudanças climáticas). Os problemas que nos atingem ou são universais ou estão perto das nossas casas (cada vez mais apartamentos) e não há ninguém para resolvê-los, nem numa esfera nem noutra. Na esfera local, 41 vereadores para representar 2,4 milhões de pessoas não são só um número ridículo, são também um modelo político arcaico, assim como é insuficiente um prefeito para uma cidade tão grande. Por que essa concentração de poder? Por que não temos câmaras de bairros, administradores de quarteirões? É o mínimo de organização administrativa que o crescimento das cidades exige.

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